Introdução
Estudos mostram que mais de 70% das operações de M&A não atingem os resultados esperados. Embora o processo de due diligence e a negociação financeira recebam grande atenção, é no PMI – Post Merger Integration que muitas transações fracassam. A dificuldade não está em “fechar o negócio”, mas em fazer duas culturas, equipes e processos funcionarem como uma única organização.
1. O que é PMI e por que é crítico?
O Post Merger Integration é o conjunto de ações estratégicas e operacionais que acontecem após a conclusão da fusão ou aquisição. Seu objetivo é capturar as sinergias projetadas e garantir que o valor da transação realmente se concretize.
Falhar nesse processo significa ver choques culturais, perda de talentos-chave, clientes insatisfeitos e, muitas vezes, queda drástica no valor da empresa.
2. Principais causas de falha no PMI
a) Estrutura de integração mal definida
Sem papéis claros – como Steering Committee, PMO (Project Management Office) e equipes de linha – o processo perde coordenação. A ausência de governança de integração gera atrasos, duplicidades e perda de foco
b) Falta de alinhamento cultural
Muitas vezes, cada empresa traz sua própria forma de trabalhar, seus sistemas e valores. Se a liderança não trata a questão cultural como prioridade, a integração pode resultar em conflitos internos e perda de engajamento.
c) Subestimação do impacto humano
As pessoas temem mudanças: novos gestores, fusões de equipes, risco de desligamentos. A falta de comunicação transparente e consistente mina a confiança e gera resistência.
d) Metas financeiras sem execução prática
Durante a due diligence, projetam-se “sinergias milionárias” em custos e receitas. Mas, sem planos de ação concretos, responsáveis e prazos, essas sinergias ficam no papel
3. Boas práticas em PMI
Governança clara: criar comitês de integração e PMO para coordenar as equipes.
Planejamento desde o pré-fechamento: o PMI deve ser preparado antes mesmo do “Day 1”.
Comunicação ativa: manter todos informados – colaboradores, clientes, fornecedores.
Cuidado com a cultura: mapear diferenças e criar um plano de integração cultural.
Metas realistas de sinergia: baseadas em dados, acompanhadas com indicadores e revisões periódicas.
Foco no cliente: a transição deve ser invisível para o consumidor final, evitando perda de mercado.
4. Exemplos práticos
A fusão da Daimler-Benz e Chrysler é um exemplo clássico de falha em PMI: culturas corporativas distintas e falta de integração levaram ao insucesso.
Já a aquisição da Natura sobre a Avon mostra a importância de trabalhar cultura e comunicação como prioridade estratégica.
Conclusão
O PMI não é uma etapa burocrática: é o coração do sucesso de uma fusão ou aquisição. Sem ele, toda a energia investida na negociação pode se perder.
Empresas que encaram o PMI como prioridade estratégica – com liderança engajada, comunicação transparente e foco em cultura – têm mais chances de transformar a transação em valor real e sustentável.